quinta-feira, 30 de maio de 2013

Economia hídrica

A UNICA noticiou em 22 de abril que a bioeletricidade gerada a partir da cana-de-açúcar poupou 6% da água dos reservatórios em 2012, aproximadamente 1.400 MW médios fornecidos para o Sistema Interligado Nacional (SIN).

Somando-se o valor da bioeletricidade gerada para o consumo do próprio setor sucroenergético como uma compra evitada, a economia total de 2012 seria de 12% da água nos reservatórios da Região Sudeste e Centro-Oeste durante o período seco, informou Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da UNICA.

A bioeletricidade da cana exportada para a rede elétrica representou 3% do consumo de energia elétrica total no SIN, que foi de 51.175 MW médios. "O total equivale a atender 10% do consumo residencial ou 7% do consumo industrial brasileiros em 2012".

Além da economia hídrica e do atendimento à rede elétrica, a notícia destaca as seguintes vantagens:

  • foram evitadas emissões de 3,6 milhões de toneladas de CO2 em 2012, o equivalente ao resultado do plantio de 25 milhões de árvores nativas extraindo CO2 do ar ao longo de 20 anos;
  • essa fonte de bioeletricidade evita investimentos em transporte e perdas no sistema, por se originar no coração do principal centro de consumo, a Região Centro-Sul do País. 

Esses argumentos favorecem o bioetanol no que concerne a sua sustentabilidade ambiental e econômica. Há argumentos contrários, mas não será a UNICA a divulgá-los.

Estatísticas do setor sucroenergético

O portal novaCana.com lançou em 13 de maio uma plataforma de dados estatísticos do setor sucroenergético, "com centenas de planilhas online interativas e gráficos pré-formatados que podem ser refinados e criados automaticamente, de acordo com o interesse e a necessidade específica de quem está acessando".

Eles disponibilizam neste link acesso a alguns dados. Naveguei um pouco e tive dificuldade de ver quais são as fontes dos dados ali apresentados e as metodologias...

Conforme informa o portal, os dados disponíveis com livre acesso mostram apenas os anos de 1997 a 2002. "Os dados mais atuais foram propositalmente removidos e estão disponíveis apenas para assinantes".

Como doutoranda, gostaria que os dados completos fossem disponibilizados para fins de pesquisa. Fica a sugestão à equipe do novaCana.com!

terça-feira, 21 de maio de 2013

Plantio de cana na Amazônia Legal

Foi aprovado pela Comissão de Meio Ambiente do Senado, em 14 de maio, o plantio de cana-de-açúcar em áreas desmatadas da Amazônia Legal, com vistas a ampliar a produção de bioetanol. O projeto, proposto pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), prevê também o plantio da cana nos biomas cerrado e campos gerais da Amazônia, além das terras desmatadas. Com cinco votos favoráveis, dois contrários e uma abstenção*, o projeto pode seguir diretamente para a Câmara, sem passar por votação pelo plenário do Senado, caso não haja recurso de pelo menos nove senadores.

O projeto determina que o plantio considere as normas do Código Florestal, aprovado em 2012, e observe critérios de sustentabilidade, como a proteção ao meio ambiente, a conservação da biodiversidade, o uso de tecnologia apropriada e a ocupação prioritária de áreas degradadas ou de pastagens. Porém, não fixa regras para fiscalização ou punições a quem desrespeitar tais determinações. "A única regulamentação mencionada no projeto é para a concessão de crédito rural e agroindustrial para o cultivo da cana, o que deve ser feito após a sua aprovação", informa notícia do jornal Valor Econômico.

A decisão tem sido combatida por diversos grupos (ambientalistas, políticos e sociedade em geral). O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) posicionou-se contra o projeto, defendendo que a proibição da cultura canavieira na região amazônica, prevista no zoneamento agroecológico feito pela Embrapa, deve ser mantida. Na mesma linha, contra o projeto, está também a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que publicou em 17 de maio uma coluna no jornal Folha de S. Paulo sobre o assunto. Marina Silva chama a atenção para a aprovação do projeto na mesma semana em que saiu a notícia de que o carbono na atmosfera atingiu a marca crítica de 400 ppm. E é incisiva em suas críticas: "As decisões sobre o desenvolvimento do país vão sendo tomadas, no governo e no Parlamento, sem estudos ou pesquisas, sem consulta nem participação, para conservar poderes oligárquicos".

Eis uma grande controvérsia da sustentabilidade do bioetanol. Vamos ver no que vai dar...


*Os senadores Ivo Cassol (PP-RO), Valdir Raupp (PMDB-RO), Ataídes Oliveira (PSDB-TO), Cícero Lucena (PSDB-PB) e Acir Gurgacz (PDT-RO) votaram a favor. Os senadores Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Ana Rita (PT-ES) votaram contra, enquanto a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) se absteve.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Herbicida e câncer

De acordo com reportagem especial da Agência Fapesp, publicada em 22 de abril, estudo da Unesp mostra como o herbicida diuron usado nas culturas de soja e cana é cancerígeno para ratos.

A matéria ressalta que a extrapolação dos resultados de experimentos com animais de laboratório deve ser feita de modo criterioso e a relevância dos resultados, assumida com cautela. "De qualquer forma, as descobertas constituem um alerta importante para autoridades sanitárias. E também para os consumidores. Pois, embora de forma ainda incipiente, a preocupação em consumir alimentos livres de resíduos químicos vem aumentando no Brasil".

A dúvida que coloco, além da sugerida pela reportagem, é quanto aos trabalhadores das lavouras, que têm contato com herbicidas por manipulação e não por ingestão. Fica a pergunta: Haveria (e quais seriam os) impactos sobre os trabalhadores?

Bioetanol e prejuízos sociais

Já que o interesse são as controvérsias, para contrapor os argumentos da campanha da Unica (post de 6 de maio, neste blog), coloco aqui links de documentos que associam o bioetanol a fome e pobreza (Agrocombustíveis Industriais Alimentam a Fome e a Pobreza - Cadernos da Via Campesina, Caderno No.1, Novembro de 2009) e à crise econômica mundial (Relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, de 2012).

Esses documentos têm menor alcance público, diferentemente da campanha publicitária.

Sobre a disputa e a convivência da cultura canavieira e de grãos no sul de Goiás (Quirinópolis), segue reportagem do Canal Rural veiculada em 18 de fevereiro de 2013.



segunda-feira, 6 de maio de 2013

Publicidade para o bioetanol


Conforme notícia publicada hoje no site da UNICA, será relançada na televisão e em outros canais de comunicação, a partir de hoje, a campanha de 2012 criada pela agência Borghi/Lowe “Coloca Etanol, o Combustível Completão”, protagonizada pelo ator Lucio Mauro Filho. A entidade informa que a campanha, já no rádio desde 1º de maio, ressalta os impactos positivos do Etanol para a economia e o meio-ambiente, destaca o biocombustível de cana-de-açúcar como opção inteligente e incentiva a escolha do etanol por proprietários de veículos flex, que já representam 57% de todos os veículos leves que circulam no Brasil.

Um resumo dos canais de divulgação da campanha para 2013:

  • canal de vídeos Porta dos Fundos (dois esquetes semanais);
  • principais emissoras de TV aberta;
  • TV a cabo;
  • cinemas;
  • jornais;
  • revistas;
  • outdoors;
  • rádios.

Material:

  • três filmes produzidos para a campanha: “Institucional”, “Escola” e “Mudanças”;
  • vinhetas;
  • jingles;
  • “blitz” em parceria com emissoras de rádio para distribuição de materiais promocionais;
  • ação promocional na rede de cinemas Cinemark;
  • presença na Internet e em redes sociais, particularmente o Facebook;
  • será retomada também a ação da “Bomba Premiada Etanol”, na qual os consumidores adivinham a quantidade de litros abastecidos, recebem brindes e concorrem desta vez a uma moto Flex.

Segundo a UNICA,
Com tecnologia nacional, a produção do etanol gera renda e emprego para mais de um milhão de brasileiros, leva desenvolvimento a mais de mil municípios, contribui para manter o ar mais limpo com significativa redução de emissão de gases causadores do efeito estufa e proporciona relevantes divisas para a balança comercial do País.
As controvérsias aqui não aparecem, mas a exposição do público em geral ao tema tem o seu papel.

Mais informações: www.etanolverde.com.br ou facebook.com/etanolcompletao

Cultivo de cana e vulnerabilidade

No último encontro do projeto AlcScens, realizado em 22 de abril, tivemos a apresentação "Etanol, competitividade e vulnerabilidade territorial no Brasil", de João Humberto Camelini, doutorando do Instituto de Geociências da Unicamp. A apresentação baseou-se no trabalho desenvolvido por João em seu mestrado, cuja hipótese básica pode resumir-se na possibilidade de identificação de relações entre a formação de regiões competitivas para o bioetanol e vulnerabilidade.

Entre os impactos que levam à vulnerabilidade, foram destacados o desmatamento direto e indireto, o assoreamento decorrente do desmatamento, a poluição e a ameaça à biodiversidade causadas pelas queimadas, a contaminação do solo, do ar e da água em função do uso de pesticidas, a compactação do solo pelo maquinário agrícola, fluxos migratórios, condições degradantes de trabalho, especulação e ocupação desordenada, e sobrecarga em serviços públicos, como os atendimentos médicos.

Camelini identifica fatores de vulnerabilidade e a partir deles elabora um mapa de propensão à vulnerabilidade, ao qual, acredito, seria interessante contrapor indicadores sociais, econômicos e ambientais levantados para as áreas críticas.

Aqui o link para a dissertação de mestrado do João Humberto: http://www.cpa.unicamp.br/alcscens/articles/dissertacao_mestrado_camelini.pdf