quarta-feira, 17 de julho de 2013

A controversa proibição da cana na Amazônia

No mês passado, o  Blog do Planeta, da Revista Época, publicou uma entrevista com o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) sobre o projeto de lei que libera a produção de cana-de-açúcar na Amazônia, atualmente proibida pelo zoneamento da cana feito em 2009 (veja post neste blog). 

Ele argumenta que não há razão científica para proibir a cana na Amazônia, em áreas antropizadas e ocupadas por pastagens, e reitera que há um preconceito com a cana. Segundo Ribeiro, precisamos de mais áreas para suprir a demanda de etanol. "O projeto não permite o avanço sobre a floresta. Pelo contrário, ele protege a floresta. Ele vai gerar emprego e renda...".

Em sua exposição no Ethanol Summit 2013, painel Sustentabilidade, o pesquisador da Embrapa Eduardo Assad defendeu a substituição de pastos degradados por cana-de-açúcar. "Se isso acontecer, passamos a ter um incremento de carbono no solo de 7 a 10 toneladas de carbono por hectare. São 240 milhões de toneladas de CO2 equivalente, que é praticamente o dobro do que a agricultura se comprometeu, em Copenhagen, a reduzir até 2020". 

Porém, antes de encerrar sua apresentação, Assad ressalta sua posição contrária ao PL de Flexa Ribeiro: "Nos últimos dois meses, tramita o projeto de lei do senador Flexa Ribeiro, que abre a produção do etanol na Amazônia. O zoneamento agroecológico foi feito para fechar a expansão do etanol para a Amazônia, para evitar barreiras não tarifárias. Se passar, é um tiro no pé. Temos que tomar muito cuidado com isso".

Assim, o pesquisador da Embrapa defende que seja mantida a proibição do plantio de cana na Amazônia, determinada pelo zoneamento agroecológico, em função das possíveis barreiras não tarifárias geradas pelo fim da proibição. Vale lembrar que barreiras não tarifárias são mecanismos e instrumentos de política econômica que influenciam o comércio internacional sem o uso de mecanismos tarifários. Assim, os países importadores podem deixar de comprar o etanol e o açúcar brasileiros por serem derivados de cana plantada em área de floresta amazônica.

O texto do PL foi aprovado na Comissão de Meio Ambiente do Senado, mas não seguiu direto para a Câmara porque houve um recurso de última hora do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Agora a proposta deverá ser votada no plenário do Senado antes de seguir para a Câmara.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Ethanol Summit 2013

Nos dias 27 e 28 de junho, participei do Ethanol Summit 2013, um dos principais eventos do mundo voltados para as energias renováveis, particularmente o etanol e os produtos derivados da cana-de-açúcar. Lançado em 2007 pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), o evento teve diversas atividades e, infelizmente, tive de escolher entre painéis simultâneos de meu interesse.

Dei preferência aos painéis de Sustentabilidade e notei que muitos dos temas controversos sobre o bioetanol - como a segurança alimentar e o trabalho no contexto de mecanização - apareceram, mas foram expostos sem ressaltar os contrapontos que conformam as controvérsias. A posição comum apresentada pelos palestrantes é, como já se esperaria, a favor do bioetanol como um combustível limpo e sustentável.

Para impulsionar a sustentabilidade e a produtividade do etanol, tiveram destaque as novas tecnologias, em especial o etanol de segunda geração, proveniente da celulose do bagaço da cana, bem como de outros resíduos vegetais. O etanol celulósico permitirá aumentar a produção sem que seja necessário expandir a área plantada de cana.

A crítica mais recorrente do evento foi sobre a manutenção artificial dos preços da gasolina no mercado brasileiro. Nesse sentido, questões de natureza regulatória também tiveram destaque, "pois são o que vai garantir a competitividade dos renováveis frente aos fósseis", afirmou Elisabeth Farina, presidente da UNICA.

Preparei uma notícia sobre o evento para o site do AlcScens, acessível em http://www.cpa.unicamp.br/alcscens/news_details.php?id=131#categoria. Fiz também uma notícia sobre as ações do setor sucroenergético para a proteção da onça-parda, predadora de animais menores que se alimentam dos brotos da cana-de-açúcar. Eis o link: http://bit.ly/15jlxEE

Mais notícias sobre o evento: http://www.ethanolsummit.com.br/noticias.php

E aqui algumas notícias e links, relacionados ao evento, que selecionei:

País precisa de mais 100 usinas para dobrar produção de etanol até 2020
http://www.revistacanavieiros.com.br/conteudo/pais-precisa-de-mais100-usinas-para-dobrar-producao-de-etanol-ate2020#.Uc25Ne1n4r8.facebook

Futuro do etanol em discussão
http://www.canalbioenergia.com.br/noticia.php?idNoticia=15923

Setor sucroenergético precisa investir em quatro grandes prioridades
http://www.ideaonline.com.br/clipping/setor-sucroenergetico-precisa-investir-em-quatro-grandes-prioridades.html

News Jornal Cana
http://us5.campaign-archive1.com/?u=b6e2d0fa5b710020207711396&id=7ab0f167b8